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O Calor dos Mortos
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C.Soares
kagome_chan
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O Calor dos Mortos
Bem... Esta é uma história original minha, que já escrevi há muito tempo, de apenas seis capítulos. Não está nada de especial, mas espero que gostem. ^^
1º Capítulo
2º Capítulo
Depois ponho mais...
1º Capítulo
- Spoiler:
Annah estava no seu quarto-cave e ler um livro sobre vampiros. Seriam eles parecidos com os fantasmas de que ela tinha medo quando era pequena? Ou eram inofensivos, a não ser que lhe pusesssem o pescoço mesmo à frente da cara deles?
Desistiu de ideias tão complexas, e foi escrever no seu diário.
Querido Diário:
É hoje. Estive a contar os dias e acho que o Mundo em si tem de saber a verdade.A minha mãe tem de saber a verdade. O Fernando tem de saber a verdade...
Eu... Eu sou médium. Não estou a brincar, tanto como não estamos no dia das mentiras. Eu vejo MESMO os mortos.
Cada vez mais os mortos vêm ao meu quarto, porque não conseguem ultrapassar a barreira. Sinto-me tão profundamente presa nas recordações deles, que às vezes até confundo as minhas recordações, com as deles. Aterrador, não é, querido diário?
Nesse preciso momento, Annah houve um "puff" que indicou-lhe que tinha aparecido mais um fantasma. Fechou os olhos e deixou a sua mente ser invadida pela dele, que estava lá por dentro à procura. Annah ainda nem sequer tinha visto quem ela era.
No príncipio, viu a rua familiar de Chicago, com pessoas a vir das compras, e outras a voltar do emprego. Depois, viu uma fila de carros parados numa passadeira. Pensou:
- Tudo bem, vou atravessar. Já estou atrasado! - Annah viu que se tratava de um homem. Annah (ou o homem morto) deu um passo para atravessar...
De repente, o cenário muda de figura. O céu escurece, e Annah é como se tivesse saído do corpo, para ver lá de cima, a situação.
Vê ao longe um homem deitado no chão, já morto, uma ambulância, uma mulher a correr, reconhecendo o morto.... Uma mulher com um cabelo ruivo de que ela conhecia de algum lado... A sua tia Mitsi! A tia que tinha encontrado o seu pai quando ele tinha sido atropelado... e que tinha falecido instantaneamente... o condutor tinha se entregado voluntariamente....
Os olhos dela estavam marejados de lágrimas. Como é que nao poderia ter percebido? A farda cinzenta que ele costumava levar para o trabalho, a sua pasta sempre presa ao ombro...
De repente, volta à realidade, e vê o seu pai, com o seu sorriso maroto de que ela gostava tanto, e com as suas rugas de preocupação.
2º Capítulo
- Spoiler:
- Querido Diário:
Hoje vi o meu pai, morto há mais de um ano. Não admira que todos me julguem uma aberração.Na escola, não tenho amigos, e a pessoa de quem eu gosto, nem sequer sabe que eu existo.
Geralmente, ajudo as pessoas a atravessar para outro lado, e até é bastante difícil de o fazer. Mas agora vai sê-lo ainda mais, porque o meu pai não quer atravessar a barreira. E quem será o responsável por ele não atravessar a barreira?
Foi o que eu lhe perguntei, segura de que tudo se fosse resolver, mas não passou tudo de um sonho, quando ele disse que era EU que o impedia.
Pois... Talvez fosse verdade. Bem dizia a minha avó que chorar tantas vezes por uma pessoa, impedia que essa pessoa fosse para o céu.
Mas não era só isso. querido diário. Ele disse que não se ia embora até eu ter uma vida absolutamente normal, com amigos e um namorado que gostasse mesmo de mim.
Como se isso fosse possível. Agora é que ele não se vai mesmo embora. Pelos vistos, vou ter de enfrentar-me a mim mesma para ele atravessar.
Vai ser um desafio mas acredito que vá conseguir.
Mal acabou de escrever no diário, quando o seu pai tinha desaparecido, deitou-se na cama a pensar no que iria fazer a seguir.
Iria tentar ser mais social, inscrever-se na claque e falar com o Dino, o tal rapaz.
E depois.. logo se via. Iria ficar tudo bem. Era só uma questão de tempo.
Só umas horinhas e ficaria tudo bem... Mas isso, era o que ela pensava.
Pelo menos, até aparecer outro fantasma no seu quarto. Chamava-se Ricardo e queria matar a irmã.
E lá fui eu ajudá-lo, perdendo o meu sono.
Por causa disso, querido diário, as minhas olheiras pioraram e tive de adiar a minha decisão para outro dia, quando estivesse consideravelmente apresentável.
Depois ponho mais...
Re: O Calor dos Mortos
Tá porreiro ^^,
se esses são os primeiros capítulos imagino os seguintes
keep posting
se esses são os primeiros capítulos imagino os seguintes
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Yeiti- Redactor
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Re: O Calor dos Mortos
Obrigada
3º Capítulo
4º Capítulo
3º Capítulo
- Spoiler:
- Annah encaminhou-se para as aulas, muito nervosa. Tinha elaborado um plano com o seu falecido pai, cujo objectivo era transformá-la numa rapariga social. Ia-se inscrever para o campeonato de voleibol da escola, o único desporto em que era razoavelmente boa, e o único que sabia jogar.
Mal entrou na sala de aula, sentou-se em frente à Martha, a rapariga mais popular do 10º ano e ao pé do Fernando, a única pessoa que ela considerava sua amiga em toda a escola.
Martha virou-se para trás e Annah pôde cheirar o seu perfume a morango que comparado ao seu, era magnífico. Falaram uma com a outra durante segundos, minutos, horas até!
Annah ficou a saber que o pai de Martha era empresário e um dos mais ricos daquela zona. A mãe era alcóolica e passava as noites em tabernas e em bares de prostituição. Os seus dois irmãos moravam longe de casa e só a vinham ver nas épocas festivas e ela sentia-se muito sozinha.
Annah contou a sua história, de como o seu pai morreu há um ano e ela se sentia triste, de como ia mudando de casa anualmente, e que já tinha percorrido a Europa quase toda.
Tornaram-se grandes amigas depois disso e, apesar de Martha ser do grupo das populares, conseguia arranjar tempo para ela e acabar com os seus medos de ser mal recebida, porque depois de ter feito amizade com Martha, a pessoa mais temida de toda a escola, Annah já era aceite por todos.
Inscreveu-se no voleibol, e ficou as tardes todas a treinar. A sua mãe quase nem a reconhecia, e andava super contente com o sucesso da filha.
Querido diário:
Estou tão feliz.. quem diria que envolver-me com o grupo dos populares tinha sido tão fácil?
Oh não, já percebi! O meu pai deu uma ajudinha, por isso é que tudo pareceu mais fácil, porque uma pessoa de classe como a Martha nunca iria gostar de falar comigo.
Mas devo-lhe um obrigada, se não fosse ele... Amanhã vai ser o campeonato de voleibol, onde eu estou inscrita, e o Dino vai lá estar a ver.
Espelho meu, espelho meu, haverá alguém mais feliz do que eu?!
Os dias começaram a correr bem a Annah, mas ela não percebia o porquê do pai continuar ao pé dela. Ele esquivava-se sempre às suas perguntas. Quando ele aparecesse ali, ela iria confrontá-lo com isso.
O pior foi que o seu pai nunca mais apareceu. Annah sabia que ele não poderia ter atravessado, se não, ela saberia...
Quando chegou do torneio de voleibol, na companhia do seu novo "amigo" Dino, encontrou uma carta de ajuda. O que seria? E de quem seria?
Leu-a. O seu pai estava prisioneiro do Diabo, e ela teria de fazer uma escolha.
Ela decidiu ir para lá. Deu um beijo à mãe e ao seu irmão Fernando, que ressonava levemente no quarto ao lado, e foi-se embora. Ainda tinha um longo caminho para percorrer.
4º Capítulo
- Spoiler:
Querido diário:
As minhas pernas doem, a minha cabeça lateja e estou a morrer de fome. Mesmo assim, não consigo tirá-lo da cabeça.
O que lhe estarão a fazer? Será que o principal alvo sou eu? Porquê?
Não me importo de dar a minha própria vida por ele, mas será que vale a pena? Eu sou humana, ele é um fantasma.
Será que sofre e chora como nós? Será que vive na incerteza? Será que neste momento está com medo do que possa vir a acontecer?
Não sei. O que sei é que, não importa os riscos que corra, ou as vezes que caia, porque vou sempre tentar superar as dificuldades.
Tenho de ir salvar o meu pai e, se isso não é serviço para um médium, pelo menos é serviço para uma filha.
Annah continuou a correr e, quando saiu da cidade, escondeu-se entre os arbustos e chamou o Diabo.
Ao princípio, ela não ouviu barulho nenhum, nem sentiu nada. Depois, ouviu um choro enorme e uma voz lacrimosa que a mandou subir.
Os seus pés, escondidos por baixo de lindas sabrinas brancas, começaram a elevar-se e, mal ela abriu os olhos, estava no Inferno.
“Se isto é o Inferno – pensou Annah, maravilhada. – eu aceito-o.”
Para ela, o Inferno era um pequeno jardim de flores vermelhas e brancas, em que os homens tinham de trabalhar para criar os filhos, e as crianças brincavam junto das mães.
De repente, o cenário mudou. O céu escureceu, as flores murcharam, As mães gritavam sufocadas, as crianças choravam, os homens, de olhos vermelhos, pegavam em armas à procura de alguém que pudessem sacrificar.
Um homem de rosto robusto, viu um rapaz aflito e foi ter com ele de machado na mão, pronto a sacrificá-lo. Annah não conseguia ver isto e, esquecendo-se que estava ali apenas para observar, correu para o rapaz e pôs-se à sua frente, enquanto o homem, com um olhar assassino, avançava.
Annah gritou, e o jardim desfez-se. Era apenas uma ilusão, criada pelo Diabo. Ela viu-se sentada na cama de edredões pretos com um rapaz vestido de vermelho que parecia ter uns sete anos, e que não parava de chorar.
- Hum... Olá. – disse Annah, sentando-se mais de perto do rapazinho – Como é que te chamas? Porque choras?
- Tu és bondosa. O.. O que estás a fazer neste lugar infernal, em que todos pagam pelos seus crimes?
- Quero salvar a pessoa que amo. E tu, o que fazes aqui? E podes dizer-me onde encontro o Diabo? – disse ela, e o menino chorou ainda mais – Ele capturou o meu pai.
- Eu sou o Diabo – disse o rapazinho.
Re: O Calor dos Mortos
Está giro E é impressão minha ou o primeiro parágrafo é uma referência ao Twilight?
Re: O Calor dos Mortos
Renato Lopes escreveu:Está giro E é impressão minha ou o primeiro parágrafo é uma referência ao Twilight?
Não, não é! ^^
Eu comecei a ler o Twilight muito depois de ter escrito esta fic, aliás, esta fic foi escrita quando eu tinha entre os 13 e 14 anos ^^
Re: O Calor dos Mortos
Renato Lopes escreveu:A sério? Para essa idade está altamente, então
Faço destas palavras minhas também ...!!!
Re: O Calor dos Mortos
Arigatou ;D
É mesmo, eu escrevo desde muito nova... E vocês, quando é que põem aqui uma historiazita?
É mesmo, eu escrevo desde muito nova... E vocês, quando é que põem aqui uma historiazita?
Re: O Calor dos Mortos
kagome_chan escreveu:Arigatou ;D
É mesmo, eu escrevo desde muito nova... E vocês, quando é que põem aqui uma historiazita?
Pois, essa questão é que já não é tão fácil de responder, pois eu e um outro administrador deste forum de nome Sérgio/Worion, estamos a trabalhar numa saga, que dentro das nossas contas está previsto que ocupe 4 volumes inteiros , mas para já não podemos adiantar nada. sorry
Re: O Calor dos Mortos
C.Soares escreveu:kagome_chan escreveu:Arigatou ;D
É mesmo, eu escrevo desde muito nova... E vocês, quando é que põem aqui uma historiazita?
Pois, essa questão é que já não é tão fácil de responder, pois eu e um outro administrador deste forum de nome Sérgio/Worion, estamos a trabalhar numa saga, que dentro das nossas contas está previsto que ocupe 4 volumes inteiros , mas para já não podemos adiantar nada. sorry
Não faz mal, não faz mal... Ganbatte ^^
Re: O Calor dos Mortos
Eu também estou a trabalhar numa cena, mas vai devagar/devagarinho/parado se quiseres ler alguma coisa dentro dessa história (ainda que sejam spinoffs - mesmas personagens, mesmos mundos, história diferente contada de maneira diferente) podes ver aqui (LINK). Os textos têm seguimento, do último para o primeiro, e têm tentativas muito básicas de ilustrações da minha parte, mas pronto...
De resto, tenho outras coisas, mas a maioria ou é histórias inacabadas, ou textos pequenos de escrita, alguns deles no mesmo blog.
De resto, tenho outras coisas, mas a maioria ou é histórias inacabadas, ou textos pequenos de escrita, alguns deles no mesmo blog.
Re: O Calor dos Mortos
a escrita pareceme boa para 13/14 anos...quanto à historia e a forma como a apresentast...pronto...com essa idade esta ok... mas o 2º capitulo fazme lembrar uma certa serie televisiva
Re: O Calor dos Mortos
Sorry, minna.. Atenção que estes ultimos capítulos são capazes de chocar alguém, e não é por terem cenas violentas porque nao tem x33
5º Capítulo
6º Capítulo
5º Capítulo
- Spoiler:
- Eu sou o Diabo, menina Annah, e ao mesmo tempo, aquele rapazinho que tu tentaste salvar na ilusão que te fiz. Faço sempre este teste para ver quem entra no Inferno e quem vai para o Céu, porque para o paraíso vai pessoas corajosas e generosas, e eu fico sempre com os cobardes e com pessoas sem escrúpulos. Mas é o meu trabalho, não me posso queixar.
- Tu és o Diabo? Desde pequena que me contam histórias sobre ti, e muito desagradáveis.
- Eu sei, não tenho boa fama. Por isso é que estou a chorar. Limito-me a cumprir a minha parte do acordo, e sou odiado por isso.
- Eu vejo fantasmas, querido amigo... Eu sinto-lhes o medo de ir para o Inferno, e é por isso que sempre me arrepiei. O que fazes com os que entram aqui?
- Isso não posso dizer. É segredo. Ninguém pode descobri-lo e viver. Tu és médium, e vieste aqui salvar o teu pai, não foi?
- Sim. Porque o levaram?
- Ele estava metido em sarilhos. Queria fazer um pacto comigo para poder ser humano novamente, e eu não deixei. Ele tentou tirar-me o ceptro e eu percebi e levei-o para a masmorra.
- Onde é que ele está? Ele está bem?
- A masmorra das sete almas é para casos extremamente graves. Ele deve estar a perder as suas últimas forças porque, apesar de ser fantasma, aquela masmorra tem um segredo.
- O que é que eu posso fazer para o salvar?
- Convencê-lo a ficar no Inferno, a ser meu conselheiro e amigo. É a única coisa que posso fazer para ele não ir para o meu caldeirão, o destino que nunca ninguém quer, e que eu não gosto nada de fazer.
- Não há outra maneira?
- Sabes bem que não.
Querido Diário:
O meu pai está metido em grandes sarilhos. Falei com o Diabo, que era um adorável menino de cabelos pretos e olhos castanhos, e ele disse-me que o meu pai queria fazer um pacto com ele para tornar-se humano.
O Diabo não aceitou, e ele tentou tirar-lhe o ceptro. Por isso, foi preso e a sua energia está a esgotar-se. Quase que nem o sinto.
Vou ter de ir falar com ele, e convencê-lo a ficar aqui. Agora que vi o Diabo, compreendo que ele só tem de cumprir com o prometido, e que não quer ser mau para ninguém, mas é a sua tarefa desde que nasceu, há dois mil anos atrás.
Eu confio no Diabo, e sei que ele vai cumprir com o que me disse. Ele vai libertar o meu pai. Mas para isso, o meu pai vai ter de aceitar ser o seu conselheiro e ficar aqui para sempre.
Só espero que não haja tanta gente a precisar do Inferno. O pobre do Diabo sempre que manda alguém para os confins do mundo, farta-se de chorar. Ainda por cima, não tem ninguém ao seu lado.
Que vida madrasta.
6º Capítulo
- Spoiler:
- Ela dirigiu-se à masmorra das sete almas, para o salvar. Havia muitos guardas que a olhavam com um misto de desconfiança e de pena, e eram todas as pessoas que tinham cometido algum pecado injustificável e que não queriam que o Diabo as mandasse para o caldeirão.
Um guarda acompanhou-a até à sela do seu pai, e ela viu-o. Estava dentro de uma vitrine branca e quase invisível, e tinha as costas voltadas para a janela, e os braços a fazer uma cruz de arrependimento.
Quando o viu, o coração de Annah deu um pulo e ela não aguentou. Sem olhar para o guarda, disse:
- Liberte-o.
E ele assim o fez. Ela entrou na prisão e pôs-lhe a mão no ombro, para ele olhar para ela. Ele assim o fez.
Annah sufocou um grito. Ele estava com a cara cheia de borbulhas verdes e inchaços permanentes na testa e na garganta.
- Sim, filha. Eu estou assim, e só vou melhorar se me entregar.
- E porque é que não te entregas? Porque é que queres continuar a proteger-me?
- Porque és minha filha e eu, quando tu tinhas sete anos, jurei proteger-te custasse o que custasse.
- Ah! Então é por isso? – disse Annah, relembrando aquele dia. Era noite, e ela tinha tido um pesadelo, e acordado com o som de gritos. Gritos de uma fantasma que queria dar um recado à filha, e queria fazê-lo através de mim. Foi a partir daí que me começaram a aparecer fantasmas. O meu pai estava no quarto ao lado, e correu ao ouvir o meu sonho. Eu contei-lhe e ele sorriu e prometeu-me que nunca me abandonaria, e que me protegeria sempre. Agora, ele queria cumprir a promessa, mas para quê? Eu já tinha a felicidade. Já tinha arranjado tudo o que precisava. Só faltava ele.
- Então, não dizes nada? Sabes que o que eu faço é só por ti, Annah. Porque te amo, e porque és uma pessoa excepcional. Um pai não abandona uma filha assim. Não quero que te sintas desamparada.
- Pai, tu faleceste há mais de um ano. Como é que tu queres que eu fique? Já estava a melhorar e tu apareceste novamente. És um estorvo, pai. Não percebes? – disse Annah, ciente que o estava a magoar. – Porque vieste? És um fantasma, não podes cumprir as tuas promessas depois de morto. O tempo em que o podias fazer já passou.
- Sou um estorvo? Uma assombração? Não queres saber de mim? Está bem, Annah. Eu vou-me embora e nunca mais me vereis. Vou ficar ao serviço do Diabo, e quando vieres um dia ter comigo, eu fingirei que não existes. Uma filha que renega o seu próprio pai, não merece nenhuma atenção – dito isto, ele falou com o guarda, e o guarda deixou-o sair. Com um “puff”, ele desapareceu e Annah soube pouco tempo depois que ele tinha aceitado o cargo.
Despediu-se de toda a gente e, deitando a mão para baixo, exclamou:
- Enviem-me para a Terra!
E assim aconteceu.
Querido diário:
O meu pai aceitou o cargo. Eu estou desfeita.
Será que devo estar contente? Tive de lhe mentir, de lhe magoar, e de lhe dizer que era um estorvo para mim, só para ele o fazer.
Ele disse-me que, para ele, eu já não era mais sua filha.
Será que fiz a escolha certa? Não haveria outra maneira?
Claro que não. Eu sei disso. Eu sinto isso. Mas gostava que houvesse outra opção. Adoro a minha família, e faria tudo para o bem dela.
Estou triste, mas conheço bem o meu pai e sei que ele não aceitaria o seu destino se eu fosse lá com falinhas mansas. Ele um dia perceberá.
Hoje aprendi uma grande lição: os contos nem sempre são verdade. Não devemos acreditar totalmente nos mitos que se contam, quano nunca os vimos, nem temos provas concretas. Quem diria que o Diabo fosse uma criança? E ainda mais, que fosse boa pessoa? Pois é, uma grande lição. Que eu nunca irei esquecer por muitos anos que viva.
Agora, acho que me faria bem ir dormir. Estou desfeita. Só num dia, fui atrás do meu pai, estive no Inferno, tive ilusões, conheci o Diabo, falei com o meu pai, magoei-o e só depois é que regressei. Mereço descanso.
Annah foi dormir e, depois disso, nunca mais se lembrou de nada. O seu dom tinha desaparecido e dado-lhe a possibilidade de ser uma rapariga normal.
O seu diário só continha as coisas do dia-a-dia, e aquilo que dizia algo sobre ela ter sido médium, foi modificado.
Annah era já uma rapariga popular. Tinha amigos, namorado, e uma família normal. Era tudo o que ela sonhava desde os seus sete anos, e o Diabo concretizou-lhe os seus desejos.
Querido diário:
Desde cedo que tenho a impressão de ter alguma coisa de invulgar, e de ter feito alguma coisa de muito importante para a Humanidade.
Na aula de Educação Moral estivemos a falar sobre as mediadoras (ou médiuns), que são as pessoas que vêem os mortos. Estranhamente, fui a pessoa que mais participou e que mais se entusiasmou.
Senti um aperto de coração que não pude explicar naquele momento, e senti uma presença estranha, mas depois disso, tu voltou ao normal.
Não consigo explicar. Nem quero.
Acredito em pessoas mediadoras, tal como acredito que os contos nem sempre estão certos. Tenho estas convicções desde que me lembro, mas nunca percebi porquê. Acho que nem vou perceber.
Esta página é o final do diário. Foi nela que eu escrevi as minhas alegrias e dissabores durante esta vida de adolescente. As aulas acabaram e eu vou para a universidade. Cresci fisicamente e mentalmente e espero vir a fazer diferença no Mundo.
Aqui me despeço. Não vou comprar outro caderno, este será o primeiro e o último diário que escrevo. Também será o diário das minhas lembranças. Vou chamá-lo de “The heat of the Dead” que, em português, quer dizer “Calor dos Mortos”. Porquê? Quero homenagear todas as mediadoras que existem e que nos protegem e arriscam a sua vida por nós. Apesar de não conhecer nenhuma, acredito que haja.
Um Adeus demorado
Annah
Re: O Calor dos Mortos
Ahahaha..
Achei engraçada a parte do Diabo bondoso
E tenho pena de já ter acabado
Mas foi uma boa história
Achei engraçada a parte do Diabo bondoso
E tenho pena de já ter acabado
Mas foi uma boa história
Yeiti- Redactor
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Re: O Calor dos Mortos
Olá.
Eu penso que a história tem muito potencial.
Creio que deverias ir desenvolvendo a ideia base que me parece muito boa e com o seu quê de original. Talvez devesses pensar em transformá-la um dia num livro, estruturando-a para ser um conto maior.
Mas por agora, e essa é a minha sugestão, absorve o que te rodeia e usa-o para criares um conjunto global para o teu conto. Amadurece-o.
Mas não abandones a ideia, pois raramente vi um conto de alguém tão novo que tivesse tanto potencial.
Eu penso que a história tem muito potencial.
Creio que deverias ir desenvolvendo a ideia base que me parece muito boa e com o seu quê de original. Talvez devesses pensar em transformá-la um dia num livro, estruturando-a para ser um conto maior.
Mas por agora, e essa é a minha sugestão, absorve o que te rodeia e usa-o para criares um conjunto global para o teu conto. Amadurece-o.
Mas não abandones a ideia, pois raramente vi um conto de alguém tão novo que tivesse tanto potencial.
Re: O Calor dos Mortos
Está realmente giro, sim senhor, e concordo com o Rodrigo: devias perder algum tempo a amadurecer o conto. Um livro não digo, mas acrescentar um detalhe aqui e uma descrição ali para tornar a experiência melhor e a história melhor estruturada e completa.
Só não percebi o aviso de que poderia chocar quem lesse
Só não percebi o aviso de que poderia chocar quem lesse
Re: O Calor dos Mortos
Hum... Obrigada, mesmo! ^^
Sim, é uma boa ideia, talvez a tente explorar mais depois de terminar algumas que ainda estou a escrever...
Hum... Eu disse que poderia chocar alguém por causa disso dessa historia do Diabo, porque quando eu participei num concurso brasileiro com esta história, disseram-me que como eles são mt religiosos talvez n gostassem tanto ou pelo menos estranhassem....
Sim, é uma boa ideia, talvez a tente explorar mais depois de terminar algumas que ainda estou a escrever...
Hum... Eu disse que poderia chocar alguém por causa disso dessa historia do Diabo, porque quando eu participei num concurso brasileiro com esta história, disseram-me que como eles são mt religiosos talvez n gostassem tanto ou pelo menos estranhassem....
Re: O Calor dos Mortos
Um diabo bonzinho? adorei!!! isso nunca tinha ouvido
engraçada a história...reescreve-a e melhora-a que está gira
engraçada a história...reescreve-a e melhora-a que está gira
Re: O Calor dos Mortos
Acho difícil que não tenhas ouvido. Não é algo assim tão fora do normal e original como issoPereira escreveu:Um diabo bonzinho? adorei!!! isso nunca tinha ouvido
Re: O Calor dos Mortos
Renato Lopes escreveu:Acho difícil que não tenhas ouvido. Não é algo assim tão fora do normal e original como issoPereira escreveu:Um diabo bonzinho? adorei!!! isso nunca tinha ouvido
epá eu no maximo o que ouvi foi o proprio diabo e seus apoiantes ou o que quer que seja acharem que sao os bons
agora uma historia em que o diabo é uma criança que chora por ter de fazer aquilo...é inedito pelo menos para mim
Re: O Calor dos Mortos
Não és o único Pereira , eu também nunca tinha ouvido tal coisa
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Re: O Calor dos Mortos
Cool. Então imaginem um diabo/vilão que não só destrói a raça humana, como não é mau e se apaixona por uma humana que traiu a Humanidade e o respectivo planeta para estar junto dele.
Que acham?
Que acham?
Última edição por Renato Lopes em Qui Jul 09, 2009 10:38 pm, editado 1 vez(es)
Re: O Calor dos Mortos
uh ?O_o
um vilão que não é mau, mas destrói a raça humana , apaixona-se por uma humana traidora que vira costas à sua raça e planeta é isso ?
lol
um vilão que não é mau, mas destrói a raça humana , apaixona-se por uma humana traidora que vira costas à sua raça e planeta é isso ?
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Yeiti- Redactor
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